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O que é Cultura e Comunicação Intercultural?

Quando pensamos na palavra “cultura” é provável que as primeiras imagens que surjam na cabeça sejam as danças, músicas, roupas ou comidas típicas de uma determinada localidade. Esta ideia não está totalmente equivocada, mas acredito ser mais adequado pensar nestes exemplos como manifestações visíveis da cultura de um povo e não a própria cultura.

Ora, se este é o caso, então o que exatamente podemos chamar de “cultura”? Ela é um organismo isolado e estático ou está em constante evolução? E se as culturas interagem entre si, como podemos fazer para que este processo seja benéfico e produtivo para todos os lados?

É isto que vamos explorar um pouco mais no texto de hoje.

Obs. Neste texto estou focando minha análise nas culturas nacionais, portanto não me aprofundarei em outros desdobramentos do conceito como culturas regionais ou cultura organizacional.

Origens ancestrais

Ao longo da existência humana houve uma miríade de definições a respeito do que seria cultura, cada qual se adequando ao seu devido tempo histórico. Em termos etimológicos, a palavra cultura deriva do latim “colere” que por sua vez se ramifica em diferentes significados como “cultivar”, “habitar”, “proteger” ou até mesmo “adorar/venerar”.

Esta constatação é interessante, pois demonstra como uma das definições mais antigas deste termo se ligava à relação simbiótica dos humanos com a natureza através do cultivo e cuidado com a terra e os animais.

Tendo em vista a sacralidade da natureza para os primeiros povos, esta observância para com a terra e o cultivo invariavelmente se concretizava na forma de rituais que tinham como intuito a conexão com o sagrado (não à toa, “culto” também deriva desta mesma raiz linguística).

Como normalmente acontece, esta palavra passou por uma série de modificações à medida que a própria sociedade se desenvolvia. Durante o Iluminismo do século XVIII, houve uma tendência em considerar cultura como um sinônimo de “civilização”. A palavra “civilization”, por sua vez, se relaciona a “civis” e “civitas” do latim que significam “cidadão” e “cidade”, respectivamente. Assim, a partir daquele momento, o aspecto material das conquistas humanas e o desenvolvimento das sociedades se tornavam o mais ressaltado em detrimento do conceito original de ligação com a natureza.

Se por um lado este novo modo de interpretação trouxe interessantes inclusões ao que hoje entendemos como cultura tais como as artes visuais, técnicas manuais e filosofias, por outro consolidou por séculos uma visão preconceituosa (e, infelizmente, não totalmente superada) que acredita em uma hierarquização e nível evolutivo entre as culturas. Isto é, a partir de determinados critérios racionais seria possível dividir e rotular as culturas, sendo algumas consideradas como mais avançadas que outras.

Concepções modernas e contemporâneas de cultura

O início de uma visão sobre cultura mais próxima ao que vemos nos dias atuais (e que ainda assim se apresenta em inúmeras versões) ocorreu com os estudos produzidos na virada do século XVIII para o XIX, impulsionados principalmente pelo advento da Antropologia como uma área de conhecimento recém-criada. Destes trabalhos, é válido mencionar especificamente o do britânico Edward Tylor que considera cultura como sendo:

“um conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças, artes, leis, morais, costumes ou qualquer capacidade adquirida pelo homem como membro da sociedade” (1871)

Outro nome relevante é o do antropólogo americano Alfred Kroeber que se debruçou sobre a ideia até então em voga a respeito da relação entre cultura e biologia. Em outras palavras, as características biológicas de um indivíduo o influenciam mais que a transmissão de uma cultura ou seria justamente o contrário?

Por meio do seu artigo, “O Superorgânico” (1917), Kroeber não apenas demonstra como a cultura é um sistema totalmente independente dos princípios que regem a biologia humana, como também que é a cultura, e não a genética, a grande responsável por moldar o comportamento dos seres humanos. Portanto, a cultura é um processo adaptativo e acumulativo, resultado das necessidades das gerações anteriores bem como os aprendizados que elas adquiriram em suas experiências de vida. Deste modo, a cultura não está limitada somente àqueles que detêm determinadas características físicas, podendo ser aprendida por qualquer membro da raça humana.

Por fim, outro autor que vale a pena ser mencionado é o antropólogo americano Clifford Geertz que analisou a influência dos símbolos na cultura, compreendendo-a como uma “teia de significados”, ou seja, não algo estático, mas em constante mudança graças às interações humanas que reproduzem ou criam novos significados através de uma variedade de símbolos sejam eles palavras, gestos, atos, rituais, entre outros.

Cultura: um iceberg a ser desvendado

A partir de tudo que foi mostrado, percebe-se que cultura não é algo fácil de ser definido, mas podemos entender em linhas gerais como um “conjunto de valores, crenças, hábitos e comportamentos que moldam um grupo social”. Justamente por causa desta abrangência, nos deparamos com duas questões muito específicas que merecem ser destacadas.

Por um lado, as culturas ao redor do mundo demonstram toda a riqueza da experiência humana na Terra. Por outro, traz um desafio considerável seja no que diz respeito a compreendermos uma determinada cultura ou ao modo como interagirmos com ela.

Neste caso, penso que uma das melhores analogias já feitas é a do antropólogo americano Edward T. Hall que comparou a análise de uma cultura a um iceberg. Assim como ocorre na geleira cuja parte mais facilmente identificável por estar fora d’água é justamente a menor porção de sua grande estrutura, os aspectos mais visíveis e rapidamente detectáveis de uma cultura também correspondem ao seu menor pedaço. É nesta área que se encontram aqueles exemplos do começo do texto e que normalmente associamos à cultura como língua, comida, danças, literatura, música, festivais, artes e artesanatos, etc.

Ora, se todos estes elementos estão no chamado nível da superfície cultural, o que se encontra nas camadas mais profundas?

Em um nível imediatamente abaixo é onde a teoria aponta que estão as normas sociais e regras não-verbais, ou seja, aquele tipo de comportamento que não está determinado em nenhuma lei, mas as pessoas daquela cultura esperam que seja seguido como, por exemplo, regras de etiqueta. Já na camada mais profunda é onde encontramos os valores mais enraizados e muitas vezes até mesmo inconscientes de um grupo social como a visão de mundo dos indivíduos, crenças religiosas, atitudes esperadas perante os mais velhos, a concepção de tempo, os valores por trás de ritos de passagem como casamento e morte, entre outros fatores.

Como se percebe, ainda que o nível da superfície seja relevante (e muito interessante) ele não é nem de longe o único que compõe a cultura de um povo. Sendo assim, qual seria a abordagem mais adequada a ser empregada quando nos deparamos com indivíduos vindos de origens culturais diferentes?

É aí que entra em cena a comunicação intercultural.

Comunicação intercultural: a ponte entre culturas

Como o próprio nome sugere, a comunicação intercultural visa desenvolver as habilidades necessárias para que os indivíduos possam interagir com aqueles de outras origens culturais de uma forma mais suave e respeitosa. Evidentemente não significa que a comunicação intercultural será uma fórmula mágica capaz de resolver todos os entraves que possam vir a surgir quando você se comunicar com alguém de um país diferente, mas ela te proporcionará ferramentas úteis que te orientarão como agir de uma maneira mais consciente.

Como você viu ao longo deste texto, conhecer uma cultura nacional envolve muito mais do que saber as comidas típicas de um país e seus feriados. Ainda nesta mesma linha, você agora pode deduzir que saber o idioma por si só não é garantia de uma interlocução realmente eficiente caso você desconheça as características escondidas na camada mais profunda da cultura ou não saiba das estratégias que pode utilizar quando estiver em um cenário cultural diferente do seu habitual.

Justamente por isso, defendo que o inglês, considerada a língua franca do mundo atual, seja integrado a um método de ensino que englobe a comunicação intercultural como parte fundamental de sua configuração.

Ter um entendimento cultural mais profundo é um ativo valioso não somente para empresários que busquem fechar negócio ou tenham operações no exterior, mas também para funcionários de multinacionais que se comunicam com equipes de outras filiais e até mesmo viajantes que desejam adquirir uma experiência de vida mais significativa.

Em suma, todos podem se beneficiar com o aprendizado cultural aliado ao ensino do inglês. Sendo assim, o que acha de conhecer mais sobre esta abordagem?

Se ficou interessado, convido você a conhecer mais sobre meu trabalho seja pelo meu site oficial ou redes sociais e também entrar em contato comigo para mais informações. Vou adorar conversar com você sobre as possibilidades de impulsionar seu inglês com foco na comunicação intercultural!

Abraços e até a próxima!