Business English: por que você deveria aprender?
Já sabemos que o inglês detém uma importância enorme como a língua franca do mundo. Se você quer viajar para o exterior, se comunicar com um estrangeiro com mais facilidade ou ter acesso a conhecimentos de todas as partes do mundo, não é exagero dizer que saber inglês é como ter uma chave que te abre portas infinitas.
Porém, é fato que diferentes ambientes pedem diferentes tipos de linguagem. Basta pensarmos no nosso português. Ainda que no Brasil tenhamos uma cultura mais informal, o modo como falamos com nossos amigos em uma mesa de bar não é o mesmo como quando estamos em uma apresentação profissional ou em uma entrevista de emprego (ou pelo menos não deveria ser).
Pois é, a mesma lógica se aplica ao inglês. Aliás, da minha experiência eu diria que o inglês possui até mais regras não-verbais de etiqueta que podem passar despercebido para um falante não-nativo do que o português brasileiro. Em situações cotidianas como em uma viagem é aceitável e inclusive ignorado certos deslizes na comunicação. No entanto, quando tratamos do uso da língua inglesa no ambiente de trabalho é crucial que estejamos mais atentos. Não significa que erros não serão tolerados, mas é preciso entender que a forma como você se expressa no ambiente profissional funciona como um cartão de visitas que pode te abrir portas se você tiver as ferramentas certas à sua disposição.
Para alcançar este patamar, no entanto, um aprofundamento do idioma através do Business English é fundamental.
Assim sendo, no texto de hoje vamos ver em mais detalhes o que é essa área, como ela se diferencia do General English e como exemplo prático para você ver o Business English em ação ao enviar um e-mail profissional.
General English ou Business English?
Já adianto logo de cara que não existe um jeito melhor ou pior de aprender inglês, uma vez que a escolha deve ser pautada no que faz mais sentido para você tendo em vista seus objetivos com o idioma.
Como o próprio nome indica, o General English tem como meta desenvolver as quatro habilidades linguísticas do aluno (escuta, fala, leitura e escrita) em situações gerais do dia a dia, seja do nível iniciante até o avançado. Consequentemente, as aulas abarcam uma variedade de temas como saudações e despedidas, pedidos em lojas e restaurantes, como contar histórias e até discutir temas mais complexos e abstratos como notícias e fatos históricos. Em resumo, o General English é uma boa porta de entrada, já que através dele você entrará em contato com as primeiras palavras, frases e expressões necessárias para se comunicar em inglês.
Contudo, como já adiantei anteriormente, se o seu objetivo é aprender inglês para utilizá-lo no ambiente de trabalho, então o General English será insuficiente.
Perceba que eu disse “insuficiente” e não “inútil”. Evidentemente, você ainda vai usar muito do que aprendeu com o inglês do dia a dia quando estiver conversando com colegas em um ambiente mais informal seja na hora do almoço ou em um happy hour. Portanto, saber a linguagem do cotidiano, especialmente gírias e expressões idiomáticas vão te ajudar demais. No entanto, durante as tarefas do trabalho como apresentações, reuniões, conversas com o chefe ou envio de e-mails e relatórios, é de vital importância ter à sua disposição o conhecimento de Business English.
E como eu sei disso? Experiência própria!
Quando eu trabalhei em um think tank em Washington D.C., eu rotineiramente ficava diante de “ingleses” completamente diferentes. O primeiro era no trabalho, escrevendo artigos, press releases ou participando de eventos profissionais; momentos estes em que eu precisava utilizar um inglês mais rebuscado. Isso abarcava tanto o conhecimento profundo das regras gramaticais (que são importantíssimas principalmente se seu trabalho envolve escrever em inglês), mas também um vocabulário próprio para aquele ambiente como demandas, tarefas, prazos, entre outros. O segundo tipo de inglês era justamente aquele do cotidiano, cheio de gírias, contrações e expressões populares, seja quando eu conversava com meus colegas durante o horário de almoço ou com as pessoas na rua.
Alguns anos depois, o inglês profissional retornou ao meu convívio quando trabalhei na Embaixada da Austrália em Brasília. Embora já estivesse no Brasil e nossa comunicação variasse entre português e inglês, o conhecimento técnico do idioma ainda era imprescindível para realizar uma série de tarefas administrativas, mas nos períodos de descontração o inglês informal dava às caras novamente.
Por isso eu disse que você não deve menosprezar o General English, pois ele pode ser valioso em várias situações. Só tenha em mente que o ambiente profissional traz consigo necessidades específicas que ele sozinho não dará conta e é aí que entra o Business English.
Mas, afinal, quais são as características do Business English que o faz algo tão singular? É isso que veremos agora.
Composição do Business English
Embora não haja um consenso, de um modo geral podemos subdividir o Business English desta forma:
- Vocabulário
- Gramática
- Escrita profissional
- Expressão oral (pronúncia, tom, clareza e objetividade)
- Consciência intercultural
Uma das características mais marcantes é sem dúvidas o vocabulário, mais especializado e que inclui não somente saber o significado de palavras típicas do meio como meeting, deadline ou profit (reunião, prazo e lucro respectivamente), mas também entender e utilizar corretamente os businesses acronyms como TBD (to be determined – a ser decidido) ou N/A (not appplicable – não aplicável/não disponível). Além disso, saber utilizar verbos um pouco mais elaborados como “to demonstrate” ao invés de “to show” (mostrar; demonstrar) ou “to provide” no lugar de “to give” (dar; fornecer; proporcionar) não só tornará seu inglês mais robusto, mas também te destacará profissionalmente.
A gramática é outro ponto relevante, embora muitos alunos torçam o nariz ao ouvir falar dela. A questão aqui não é se tornar um expert e nem falar como um nativo, porém no ambiente de trabalho a gramática se torna imprescindível para a construção de uma boa comunicação oral e escrita que seja coerente e compreensível por seus chefes, colegas ou parceiros.
Evidentemente, quanto mais limpa e gramaticalmente avançada for a sua comunicação, mais você se destacará na sua área. Vale lembrar que vagas internacionais geralmente pedem a non-natives que comprovem ter um working level de inglês, o que corresponde pelo menos a um nível intermediário.
A questão da gramática, por sua vez, está muito ligada aos pontos seguintes já que a escrita profissional e expressão oral necessariamente implicam o conhecimento das principais regras gramaticais.
No entanto, o Business English dá um passo além já que ele também instrui os alunos quanto às características típicas desta comunicação que preza principalmente pela praticidade, clareza e objetividade, seja em apresentações, reuniões ou até em eventos de networking.
Mas cuidado! Ser direto não significa faltar com o respeito. Na realidade, a etiqueta é ainda mais observada nos cenários profissionais, sendo vital estar atento ao register, isto é, o nível de formalidade exigido pela situação. Assim, ao escolher o tom e as palavras certas, não somente sua mensagem será transmitida corretamente, mas também sua imagem como um profissional respeitoso será reconhecida.
E quando falamos sobre nível de formalidade é inevitável que esbarremos no tópico da cultura, a qual se figura como um dos fatores mais influentes em qualquer tipo de comunicação que envolva pessoas de diferentes origens, mas que curiosamente ainda é deveras ignorada.
Utilizado da maneira correta, o Business English pode ser capaz de preencher esta lacuna, já que ele aliará o conhecimento do idioma e as regras próprias do mundo corporativo com técnicas de diálogo intercultural, proporcionando assim uma troca mais significativa entre parceiros de distintas partes do globo. Se ficou curioso para entender como as culturas impactam nos negócios, eu convido você a ler este texto que escrevi uns meses atrás.
Como é possível perceber, o Business English traz novas nuances ao aprendizado do inglês que são fundamentais para os alunos que desejam aplicá-lo no seu local de trabalho. Agora é hora de vermos na prática como ele funciona como, por exemplo, no envio de um simples e-mail.
Exemplo prático: e-mail profissional
No exemplo abaixo eu apresentarei uma situação hipotética em que uma funcionária da ABC Company convida um representante da empresa alemã XYZ no Brasil para um painel de especialistas. A comunicação deste e-mail será norteada pelas características típicas do Business English e levará em conta a cultura corporativa alemã que preza por respeito e formalidade, juntamente com objetividade e organização. Em seguida, trarei a tradução em português e uma breve explicação sobre o e-mail:
ENGLISH:
“Subject: Invitation to Join Opening Panel — The Future of Content Marketing in the Artificial Intelligence Era
Dear Mr. Schneider*,
I hope this email finds you well.
My name is Maria Santos*, and I work as an Executive Secretary at ABC Company. On behalf of our CMO**, Mrs. Janaina Costa*, I am pleased to invite you to participate as a panelist in our upcoming event, “The Future of Content Marketing in the Artificial Intelligence Era.”
You are cordially invited to join the opening panel, “Challenges and Opportunities of AI for Content Creators.” Considering your outstanding work as Marketing Director behind award-winning digital campaigns such as X and Y, we would be honored to have you share your insights alongside our distinguished specialists.
The event will take place at ABC Company’s conference room, located at 32 Silva Street, São Paulo, on Friday, 14 November, with the opening panel scheduled to begin at 9:30 a.m.
Should you be interested in joining us, please do not hesitate to contact me for further details. We kindly ask you to confirm your participation by replying to this email no later than Friday, 12 September.
Thank you very much for your time and consideration. I look forward to your response.
Kind regards,
Maria Santos
Executive Secretary
ABC Company”
* Nomes fictícios
**CMO: Chief of Marketing Officer
PORTUGUÊS:
“Assunto: Convite para Participar do Painel de Abertura — O Futuro do Marketing de Conteúdo na Era da Inteligência Artificial
Prezado Sr. Schneider,
Espero que esta mensagem o encontre bem.
Meu nome é Maria Santos e trabalho como Secretária Executiva na ABC Company. Em nome da nossa Diretora de Marketing, Sra. Janaina Costa, tenho o prazer de convidá-lo a participar como palestrante em nosso próximo evento, “O Futuro do Marketing de Conteúdo na Era da Inteligência Artificial”.
O senhor está cordialmente convidado a participar do painel de abertura, “Desafios e Oportunidades da IA para Criadores de Conteúdo”. Considerando seu excelente trabalho como Diretor de Marketing por trás de campanhas digitais premiadas como X e Y, seria uma honra tê-lo conosco compartilhando suas ideias com nossos distintos especialistas.
O evento acontecerá na sala de conferências da ABC Company, localizada na Rua Silva, 32, São Paulo, na sexta-feira, 14 de novembro, com o painel de abertura programado para começar às 9h30.
Caso tenha interesse em participar, não hesite em me contatar para mais detalhes. Solicitamos gentilmente que confirme sua participação respondendo a este e-mail até sexta-feira, 12 de setembro.
Agradecemos muito sua atenção e consideração. Fico no aguardo por sua resposta.
Atenciosamente,
Maria Santos
Secretária Executiva
Empresa ABC”
Análise do e-mail e conclusão
Considerando tudo o que foi exposto, alguns pontos podem ser observados ao escrever um e-mail profissional como o do exemplo acima:
- Assunto do e-mail: seja claro quanto ao propósito da sua mensagem (analisando especificamente a cultura corporativa alemã, objetividade é altamente valorizada)
- Sabemos que a cultura brasileira é mais informal, sendo comum nos dirigirmos a chefes e pessoas mais velhas pelo primeiro nome (Sr. Roberto, Sra. Joana etc.). Porém, fora do Brasil (inclusive na cultura alemã) não basta incluirmos o pronome “senhor” ou “senhora” para sermos educados. Sim, eles são essenciais, mas é igualmente imprescindível que você se refira ao seu interlocutor pelo sobrenome
- “I hope this email finds you well” não é um início obrigatório, mas é muito comum em mensagens formais como um sinal de polidez
- Apresente-se pelo nome e sobrenome, diga seu cargo e onde você trabalha. Seja claro quanto ao propósito da sua mensagem e porque você está contatando especificamente aquela pessoa
- Em caso de eventos como no exemplo, deixe claro as informações principais (dia, horário e endereço). Lembre-se que em culturas fortemente pautadas por organização e pontualidade (como o caso da alemã), quanto antes você convidar seu interlocutor, melhor
- Sempre interessante terminar o e-mail agradecendo e demonstrando que fica no aguardo por uma resposta
Espero que tenha gostado do texto de hoje e que tenha ficado mais claro as características do Business English e suas diferenças com o General English.
Caso tenha se interessado por ter aulas de Business English com foco em comunicação intercultural, sinta-se à vontade para entrar em contato comigo. Você também pode navegar pelas minhas redes sociais para conhecer mais da minha trajetória profissional ou de outros conteúdos que produzo.
Until next time!
Postar um comentário